MR MOJO

Nos primórdios, muitos Bluesmans oriundos de New Orleans eram adeptos do Voodoo, uma espécie de seita afro-americana muito difundida no sul dos Estados Unidos da América. No Voodoo, são realizados rituais de magia negra. Acredita-se que certos amuletos utilizados pelos seguidores dessa seita teriam o poder de atrair mulheres e fama. Muitos Bluesmans carregavam consigo uma espécie de bolsa minuscula ou um pequenino saco feito de tecido, chamado mojo, ao qual é atribuído esse poder. O vocalista dos Doors, James Douglas Morison (Jim Morrison), que também teve envolvimento com seitas derivadas do Voodoo ou similares à ele, fez um anagrama com as letras que compoem seu nome extraindo delas um pseudônimo; ( Mr Mojo Rising). Mojo, também é uma expressão que se aplica à um determinado sujeito, que possui fama de mulherengo, conquistador, boêmio que realiza proezas sexuais .........Reza uma antiga lenda, que Mr Mojo é uma entidade (espírito) que se apossa do corpo dos bluesmans dando aos mesmos a inspiração para cantar tocar e compor.....

Ao lado do irmão mais jovem Charlie, Kansas Joe McCoy é um dos grandes ”sidemen” na História do Blues. Sua forma quase espartana de deslizar na Guitarra foram preservados nas gravações de sua esposa Memphis Minnie, de forma notável. Nascido em 11 de maio de 1905 em Jackson, Mississippi, ele era principalmente conhecido como Kansas Joseph McCoy, mas atuou com uma longa lista de pseudônimos, onde incluem-se aparições como o “Hillbilly Plowboy” , Mud Dauber Joe, Hamfoot Ham, Georgia Pine Boy and Hallelujah Joe.

Músico autodidata, ele se mudou para Memphis durante meados dos anos 1920, e uniu-se à Jed Davenport's Beale Street Jug Band e Memphis Minnie, de quem se tornou o segundo marido. Durante os seis anos que permaneceram casados, a acompanhou em muitos clássicos, aparecendo como intérprete em "WHEN THE LEVEE BREAKS" e "JOLIET BOUND".O Casal migrou para Chicago em 1930, onde, na companhia de celebridades, encontraram e se identificaram com Big Bill Broonzy e Tampa Red; daí adaptaram o seu som à forma de ambientes urbanos que era novidade para eles.

Com o trabalho de violão eloqüente que o caracterizava, assim como o efeito vocal profundo, McCoy poderia ter subido bem a estrelato pelos seus próprios esforços, mas parecia preferir o papel de sideman. Depois do divórcio dele com Memphis Minnie, ele e seu irmão Charlie McCoy formaram o Harlem Hamfats, performando gravações regulares entre 1936 e 1939, até o grupo se desfazer. Após isso, fundou o Big Joe and His Washboard Band que evoluiu em seguida para o grupo Big Joe and His Rhythm, durante meados dos anos 1940. McCoy morreu no dia 28 de janeiro de 1950.

Blind Boy Fuller nasceu com o nome de Fulton Allen, no dia 10 de julho de 1907, em Wadesboro, Carolina do Norte. Ele veio de uma família pobre e religiosa, com 15 irmãos. Exposto à música desde garoto, nas igrejas ou pelas ruas, ele logo teve interesse em se tornar um músico. Porém, pouco antes dos vinte anos de idade, sua vista começou a ficar ruim e ele logo ficaria completamente cego, provavelmente por causa de alguma doença. Há quem diga que alguma namorada, ou ex-namorada apaixonada teria cegado Fuller com alguma mistura química caseira.

Quando sua família se mudou de Wadesboro para Rockingham, ainda garoto, ele começou a aprender seus primeiros acordes no violão. Além de blues ele aprendeu também o "ragtime" e outros estilos tradicionais das regiões rurais e pobres da cidade.Como na época as oportunidades para um homem negro e cego eram limitadas, ele logo se viu nas ruas, tocando para sobreviver. Em pouco tempo ele se tornou conhecido entre os outros artistas de rua locais. Entre eles estava o gaitista Sonny Terry, com quem fez várias gravações, e o guitarrista gospel Gary Davis, que também era cego. Fuller até aprender algumas técnicas com Gary através dessa parceria.

Fuller é um dos maiores ícones do Piedmont Blues, um estilo caracterizado pelo maneira de se tocar o violão, onde se usa o polegar para fazer as vezes do baixo enquanto se toca a harmonia nas cordas médias e agudas. Outros artistas consagradas nesse mesmo estilo são Brownie McGhee, Mississippi John Hurt, Loonie Johnson, Blind Blake, Josh White, entre outros.
Fuller cantava de maneira áspera e suas músicas contavam de modo explícito cada aspecto de sua vida como um homem desprivilegiado - crimes, prisão, doenças, morte. Apesar de não ser um artista sofisticado, Fuller era autêntico. Cantava com franqueza e honestidade. Ele também cantava sobre amor, desejo, frustrações e ameaças, tudo com algumas pitadas de bom humor.Blind Boy Fuller morreu de infecção severa na bexiga em 1942, com apenas 33 anos de idade. Sua popularidade era tanta que após sua morte, J. B. Long, da Columbia Records deu a Brownie McGhee, aprendiz de Fuller, o nome de Blind Boy Fuller II, que ele acabou usando por algum tempo.Seus maiores sucessos foram "Rag Mama, Rag", "Trucking My Blues Away," e "Step It Up and Go", todas elas no estilo "ragtime" e "Lost Lover Blues", "Rattlesnakin' Daddy" e "Mamie", no melhor estilo do Delta Blues, Alem de Three Ball Blues, ao melhor estilo N.Y. City Blues provando sua grande versatilidade com o instrumento nas mãos.

Nascido em 24 de Agosto de 1905 na cidade de Forest, Mississippi, Arthur 'Big Boy' Crudup, foi, apesar do pouco reconhecimento de seu trabalho, um grande ícone do Blues, e de grande importância para o astro do Rock, Elvis Presley.Começou sua vida trabalhando nos campos rurais e começou sua vida musical num coral da igreja com seu tutor, Papa Harvey, um músico de Blues local. Mas somente aos trinta anos aprendeu a tocar violão, sozinho. Em 1940 se mudou para a elétrica Chicago com o sonho de se tornar milionário, mas rapidamente se viu sem nada e começou a tocar nas ruas. E foi nas ruas que ele conheceu o caçador de talentos Lester Melrose, da gravadora RCA.


Seu primeiro grande single, "If I Get Lucky", foi gravado junto com o baixista Joe McCoy, no dia 11 de Setembro de 1941, pela marca "Bluebird", uma subsidiária da RCA. Seguido de vários outros singles.Ele gravou cerca de 80 músicas para a RCA, até descobrir que foi enganado pela mesma, quanto aos direitos autorais de suas músicas.Até que em 1952 ele assina com a Trumpet Records com o nome de James Elmer e pela Checker Records com o nome de Percy Crudup Lee. Logo em 1954 o astro branco do Rock (ainda não era entitulado assim), Elvis Presley regrava a canção de Crudup, chamada "That's Alright Mama" (a primeira música gravada por Elvis pela Sun Records). Com o sucesso da música, Elvis ainda gravaria mais duas canções dele: "My Baby Left Me" e "So Glad You're Mine". Isso até rendeu a Crudup o título de pai do Rock 'n Roll.


Mas, mesmo entitulado dessa maneira, logo caiu no esquecimento e voltou para a vida no campo, e ficou por lá durante todo restante da década de 50. Voltando apenas em 1961 para gravar pela gravadora Fire.No final da década de 60, com a popularização do Blues, Crudup volta a ativa fazendo turnê pela Europa, e se apresentando várias vezes por todo Estados Unidos. Seu concerto no dia primeiro de Março de 1974 no Hunter College, em Nova Iorque, é o último.Em 28 de Março de 1974 ele vem a falecer na cidade de Nassawadox, Virgínia.

Etta James nasceu em Los Angeles California, filha de Dorothy Hawkins, uma afro-americana, mãe solteira aos 16 anos. Nascida de duas raças diferentes, Etta procurou saber quem era seu pai, desconhecido até então, sua mãe dizIA ser Minnesota Fats e do qual ela recebia pensão na condição de manter segredo sobre sua paternidade.Ela teve o seu primeiro contacto com a música aos 5 anos de idade, tendo aulas com James Earle Hines, director musical da escola Echoes of Eden da igreja batista de St. Paul, em Los Angeles.

Sua família mudou-se para São Francisco, Califórnia, em 1950, e em 1952 Etta e mais duas amigas formaram o trio (As Creolettes), o qual viria a chamar a atenção de Johnny Otis. Otis inverteu as sílabas do seu nome para lhe dar uma melhor sonoridade assim surgindo o seu nome artístico. A partir daí Otis investiu na garota começando a gravar os seus primeiros temas.

Sua primeira gravação, e seu primeiro êxito R&B, foi de sua própria autoria, "The Wallflowe (Dance with Me, Henry)", uma música-resposta para a músia de Hank Ballard, "Work with Me, Annie". Em 1954, Etta gravou juntamente com a banda de Otis e com Richard Berry, o qual cantava a segunda voz. A canção não estava totalmente boa, e foi re-escrita por Georgia Gibbs, ganhando o título de "Dance with Me, Henry". Também gravou momentaneamente o Etta James & the Peaches, com diversos hits e foi contratada mais tarde pela Chess Recordsem 1960.Saiu em turnê com Johnny "Guitar" Watson juntamente com Otis nos anos '50 e foi citada por Watson como a penúltima influência em seu estilo.

Ela lançou vários duetos com Harvey Fuqua (de The Moonglows), do qual surgiu o seu maior sucesso já gravado, a belissima e clássica "At Last". A canção, que apareceu juntamente com outros êxitos como "All I Could Do Was Cry" e "Trust in Me", foi incluída no seu álbum de estreia, "At Last".Etta james teve um sério problema de drogas e romances mal sucedidos, que interferiram em sua carreira. Posteriormente ela tem problemas com a obesidade (chegando a ter quase 200kg), que levaram-na a fazer uma cirurgia gástrica em 2003, fazendo-a perder quase 100kg. Em 2003 Etta James recebe uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.Atualmente, Etta faz tours pela América junto com seus dois filhos, Douto e Sametto

Ray Charles nasceu em Albany no dia 23 de Setembro de 1930 e faleceu em Los Angeles no dia 10 de junho de 200. Foi um pianista pioneiro e cantor de música soul que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de um inovador interpréte de R&B. Seu nome de nascimento era Ray Charles Robinson, mas ele encurtou-o quando entrou na indústria do entretenimento para evitar confusão com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores gênios da música negra americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.

Ele era o filho da Aretha Williams, que trabalhava em uma serraria de tábuas, e Bailey Robinson, um reparador de ferrovia, mecânico e biscateiro os dois nunca se casaram. A família mudou-se para Greenville, Flórida, quando Ray era um bebê. Bailey teve mais três famílias, Aretha cuidava da família sozinha.Ray Charles não era cego de nascença. Ele ficou totalmente cego aos sete anos de idade.Charles nunca soube exatamente por que ele perdeu a visãoapesar de existirem fontes sugerem que sua cegueira era devido a glaucoma, e algumas outras fontes que sugerem que Ray começou a perder o sua vista a partir de uma infecção causada por água com sabão nos olhos dele, que foi deixado sem tratamento.

Ele freqüentou a Escola para Cegos e Surdos de Santo Agostinho, em St. Augustine , Flórida. Também aprendeu a escrever música e tocar vários instrumentos musicais.Enquanto ele estava lá, a mãe dele morreu seguido por seu pai dois anos depois.Órfão na adolescência, Ray Charles iniciou sua carreira tocando piano e cantando em grupos de gospel, no final dos anos 40. A princípio influenciado por Nat King Cole, trocou o gospel por baladas profanas e, após assinar com a Atlantic Records em 1952, enveredou pelo R & B. Quando o rock & roll estourou com Elvis Presley em 1955, e cantores negros como Chuck Berry e Little Richard foram promovidos, Ray Charles aproveitou o espaço aberto na mídia e lançou sucessos como "I Got a Woman" (gravada depois por Elvis), "Talkin about You", "What I'd Say", "Litle girl of Mine", "Hit the Road Jack", entre outros, reunindo elementos de R & B e gospel nas músicas de uma forma que abriram caminho para a soul music dos anos 60, e tornando-o um astro reverenciado do pop negro.

A partir de então, embora sempre ligado ao soul, não se ateve a nenhum gênero musical negro específico: flertou com o jazz, gravou baladas românticas chorosas e standards da canção americana. Entre seus sucessos históricos desta fase estão canções como "Unchain My Heart", "Ruby", "Cry Me a River", "Georgia on My Mind" e baladas country tais como "Sweet Memories", e seu maior sucesso comercial, "I Can't Stop Loving You", de 1962. Apesar de problemas com drogas que lhe prejudicaram a carreira, as interpretações de Ray Charles sempre foram apreciadas, não importando as músicas que cantasse. Uma "aura" de genialidade reconhecida acompanhou-o até o fim da vida e mais do que nos últimos álbuns que gravou, era nas suas apresentações ao vivo que o seu talento único podia ser apreciado.

Um notório mulherengo, Ray Charles casou-se duas vezes e foi pai de doze crianças com sete diferentes mulheres. Sua primeira esposa foi Eileen Williams (casado em 1951, divorciado em 1952) deu-lhe um filho. Outros três filhos são de seu segundo casamento, em 1955, com Della Beatrice Howard (divorciaram-se em 1977).Sua namorada longo prazo e parceiro no momento da sua morte era Norma Pinella.

Walter "Brownie" McGhee nasceu em Kingsport, no Tennessee, no dia 30 de novembro de 1930. Quando criança contraiu poliomielite, o que incapacitou uma de suas pernas. Ele passou boa parte de sua juventude envolvido com a música, cantando no coral "Golden Voices Gospel Quartet". Aos 22 anos ele se tornou um músico viajante e nessa época conheceu Blind Boy Fuller, que influenciou profundamente sua maneira de tocar. Depois da morte de Fuller, J.B Long da Columbia Records fez com que McGhee adotasse o nome de seu tutor e ele passou a se apresentar como Blind Boy Fuller II. Porém o sucesso só viria em 1942, quando ele foi para Nove Iorque em companhia de Sonny Terry.

Brownie conheceu Terry na Carolina do Norte, em 1938, mas só viriam a gravar juntos em 1940. stava formada uma longa e duradoura parceria, que renderia muitos discos. Eles partiriam para Nova Iorque, onde a cena folk estava em ascensão. Lá eles trabalharam com Leadbelly, Josh White e Woody Guthrie. Entre 1942 e 1950, McGhee também trabalhou em sua própria escola de música, a "Home of the Blues, no Harlem. Depois do fim da Segunda Guerra, McGhee fez inúmeras gravações, com e sem Terry, para vários selo R&B como Savoy, Alert, London, Derby, Dot, e Harlem. Sonny Terry fez o mesmo, com gravações para os selos Jackson, Red Robin, RCA Victor, Groove, Harlem, Old Town, e Ember, muitas vezes com McGhee no violão.

Sonny Terry & Brownie McGhee estão entre os primeiros artistas de blues a excursionar pela Europa, durante a década de 50. Eles também viajaram com vários festivais de folk e blues, por toda América, Canadá e Europa, aparecendo em programas de tv e filmes. Eles só se separariam em 1970, para cuidarem de seus problemas pessoais. Terry continuou tocando e gravando até falecer em 1986. Brownie passou os próximos 10 anos tocando em festivais e gravando. Sua última aparição foi no Chicago Blues Festival de 1995, pouco antes de falecer, aos 80 anos, no dia 16 de janeiro de 1996.

Um dos maiores representantes da gaita 'Carey Bell' Harrington, nasceu no Mississippi em 1936, e aos oito anos de idade queria um saxofone, mas a família pobre não tinha como comprar e ele ganhou de seu avô uma harmônica, que aprendeu a tocar sozinho. Com somente treze anos de idade, Carey Bell já tocava profissionalmente com seu padrinho e pai adotivo, o pianista de blues e country Lovie Lee. Foi ele que, em 1956, convenceu Carey a mudar-se para Chicago, meca do blues urbano. Em Chicago conheceu seus mestres Big Walter Horton, Little Walter Jacobs e Sonny Boy Williamson II e teve a oportunidade única de se aperfeiçoar. Com professores de estilo tão pessoal, não tardou muito para que Carey criasse também seu próprio estilo, um blues marcadamente urbano e contemporâneo, mas enraizado na tradição de seu Mississippi natal.

E tudo correu bem até o início dos anos sessenta. A guitarra elétrica começava então a tomar o lugar da harmônica em muitas bandas de blues, e Carey resolveu diversificar seus talentos e passou também a tocar baixo elétrico. Mas o chamado da harmônica foi mais forte, e Carey voltou a ela com toda força. Nos anos 70 tocou sem parar nas bandas de Muddy Waters e de Willie Dixon.Em pouco tempo, sua reputação de mestre da harmônica era indiscutível, e nos anos 80 Bell já tinha seu reconhecimento mundial como uma lenda da harmônica blues, e a quantidade de discos e shows nos EUA e na Europa atestava isto. O grande mestre da gaita blues faleceu no dia 06 de maio em sua casa em Chicago Illinois de um ataque cardíaco. Ele já vinha enfrentando problemas de saúde e havia sido internado com crises de diabetes.

Rory nasceu em Ballyshannon, Conty Donegal, sul da Irlanda, no dia 2 de março de 1948.Aos 9 anos ele ganhou um violão de presente de seus pais e aprendeu a tocar sozinho. Aos 12 anos ele venceu um concurso de talentos na cidade de Cork e gastou todo dinheiro do prêmio na compra de uma guitarra. Três anos mais tarde ele compraria sua Fender Stratocaster 1961, que seria sua grande companheira durante toda carreira.

Em 1963 ele foi chamado para tocar na Fontana Show Band, que mais tarde mudaria o nome para The Impact. Essa banda conseguiu algum sucesso e eles chegaram a fazer algumas turnês pela Europa. Quando passavam por Londres, Rory teve a oportunidade de ver um show dos Rolling Stones pela primeira vez.Três anos depois, Gallagher retornou a cidade de Cork e lá formou um trio, chamado The Taste. Pouco tempo depois eles se mudaram para Londres, onde assinaram com a gravadora Polydor e sairam em turnê pelo Canadá e EUA, abrindo os show do Blind Faith.Em 1971 o Taste se desfez e Gallagher formou sua própria banda: The Rory Gallagher Band. E nesse ano seu sucesso alavancou.

Ele lançou seu primeiro disco solo intitulado apenas Rory Gallagher. Logo em seguida ele lançou o segundo álbum chamado Deuce, que gravou da mesma forma como faria num show ao vivo.E no final do ano ele entrou em estúdio a convite de Muddy Waters para a gravação do disco London Sessions.Ao todo ele lançou quase vinte álbuns. Os melhores, na opinião dos fãs, são os primeiros: Rory Gallagher (1971), Deuce (1971), Live In Europe (1972) e Irish Tour (1974). Além de Muddy Waters, Rory já participou nos discos de Jerry Lee Lewis, Chris Barber, Albert King, Albert Collins, entre outros.Rory sempre foi uma pessoa humilde. Sempre se vestiu com camisas de manga comprida, jeans e tocou durante a vida toda com a mesma guitarra que comprou quando tinha 15 anos. E ele nunca foi adepto de pedais de distorção. Simplesmente plugava a guitarra direto no cubo e tocava. Seu estilo misturava uma técnica virtuosa e pegada do rock com a melodia e a simplicidade do blues.Ele faleceu dia 14 de junho de 1995, após uma cirurgia.

Certo dia resolvi dar ouvidos aos conselhos de um amigo um tanto quanto íntimo. Tivemos uma conversa séria há cerca de aproximadamente dois meses atrás a respeito de Mr Mojo. Ele teve a absoluta convicção que se tratava-se de uma paranóia, talvez até o início de uma “muito provável” como disse ele, esquizofrenia. Poderia ser efeito do stress ou da minha fixação pelo Blues que segundo ele estava se tornando uma espécie de transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), como chamam os especialistas. Talvez eu estivesse estudando demasiadamente.
- Por mais que estude tanto assim, não vai conseguir chegar ao nível de um B.B King, Eric Clapton ou Jimi Hendrix! Disse ele.
Mas a verdade é que minha pretensão não é tão megalomaníaca assim. Apenas quero atingir o nível no qual acredito que posso chegar, até onde o meu “talento”, ou melhor dizendo, esforço permita. Além do mais tenho que aproveitar o máximo minhas horas vagas, uma vez que o trabalho me suga tanto tempo.
- Procure sair mais, você não tem aparecido em nenhuma das festas que organizamos, talvez seja isso que esteja faltando, passa o tempo todo trancado no quarto digitando escalas, praticando Riffs, passa mais tempo com sua guitarra que com sua mulher. Esse foi um dos argumentos apontados por ele naquele dia.
Mas não posso ser louco, desempenho minhas atividades normalmente, e não cometo nenhum ato que possa ser considerado insano, as visões que tenho de Mr Mojo ocorrem na maioria das vezes quando estou só. Mas para ter certeza da minha sanidade mental procurei um psiquiatra. Após ter marcado a consulta a uns quinze dias atrás, lá estava eu esperando a minha vez de consultar. Entrei no consultório e logo fui dizendo:
- Doutor, não sou nenhum maluco, por isso não tente me internar, estou aqui apenas para tirar algumas dúvidas.
- Calma rapaz, nem todo mundo que procura a ajuda de um psiquiatra é maluco. Além do mais existem vários tipos de neuroses e psicoses, mas se está aqui é por que alguma coisa está lhe incomodando. Vamos lá, tenha calma e me diga o que está acontecendo.
- Tenho tido visões doutor.
- Que tipo de visões?
- Vejo um negro, magro e alto, vestindo sempre a mesma roupa, calças sociais, terno e gravata, óculos escuros e um chapéu que cobre a cabeça e parte da testa.
- Você chega a falar com ele?
- Sim, às vezes ficamos dialogando por longas horas. O estranho é que ele aparece quase sempre quando estou só.
- Qual é o tema da conversa?
- Blues, sempre falamos sobre Blues.
- Você tem alguma ligação com blues?
- Sim, gosto muito de ouvir e tocar Blues.
- Você é músico.
- Sim , apenas nas horas vagas.
- E quem é esse sujeito que você afirma manter contato?
- Sei apenas que se chama Mr Mojo?
- E como sabe o nome dele?
- Ele me contou. Mas o mais estranho é que ele sabe tudo sobre mim, parece que lê meus pensamentos.
- Bom, pelo que me falou, parece uma espécie de transtorno que não deve ser ignorado. Mas diga, tem tido essas visões frequentemente?
- Não, às vezes se passam dois ou três meses sem que nada aconteça.
-Entendo. O que podemos fazer é sessões de análise, irei lhe receitar um antidepressivo que irá ajudar a aliviar os sintomas, se o caso não apresentar melhoras, aí partiremos para um tratamento mais eficaz.
- Quer dizer que estou sofrendo de esquizofrenia ou algo parecido?!
- Não, ainda é cedo para tal diagnóstico. O que você deve fazer agora é manter-se calmo, e fazer o tratamento que lhe indiquei, apenas isso. Sabe meu jovem, às vezes vivemos numa espécie de teatro, representamos ser aquilo que não sentimos ser, e o que sentirmos ser, ou o que gostaríamos de ser na verdade, passa a ficar reprimido no nosso subconsciente. Talvez Mr Mojo seja você mesmo, ou o que você gostaria de ser na verdade. Entendeu?
- Acho que sim.
Retornei para casa, fui até a farmácia comprei os medicamentos e marquei as primeiras sessões de análise. Na noite anterior a primeira sessão tive um sono perturbado por pesadelos dos mais diversos, negros escravos em meio á uma plantação de algodão tocavam gaitas de boca e banjo, depois Bluesmans se apresentavam nas ruas de uma cidade desconhecida ou em bares, negros cegos tocavam violão com grande facilidade em casas com mesas de jogos e repletas de prostitutas, onde o Wiskey rolava solto. E lá estava eu no meio de toda aquela confusão juntamente com Mr Mojo, que deslizava o gargalo de um copo sobre as cordas da sua guitarra provocando um som estratosférico. Acordei assustado e suando em bagas, quando abri os olhos eis que me deparo com a figura que me atormenta.
-Calma meu jovem, não precisa entrar em pânico.
- O que quer desta vez? Interroguei.
- Então está tentando me exorcizar!? Disse com um riso de sarcasmo.
- Você é apenas uma alucinação, que dentro em pouco desaparecerá da minha vida para sempre.
- Tanto melhor se fosse verdade. Respondeu.
- Há tempos eu vago perdido atormentando meus pupilos, mas não é essa minha intenção, estou condenado á isso, não tenho culpa. Acendeu um cigarro, deu uma profunda tragada, soltou uma nuvem de fumaça e continuou:
- Desde aquela primeira vez, quando em uma encruzilhada, afinei o violão de um jovem e ele se tornou um astro, não tenho mais paz e o pobre rapaz viveu o resto de sua vida atormentado.
- Você é o demônio?! Exclamei.
- Não meu jovem, sou a essência que aprisiona e torna alguns homens escravos do Blues.
- Comigo você não conseguirá! Afirmei
- E nem pretendo, desta vez será diferente.
- Diferente como?
- Você descobrirá com o tempo. Continuou a fumar e por alguns minutos permaneceu calado, mas logo rompeu o silencio:
- Quer que eu afine sua guitarra meu jovem?
- Não, já está afinada, além do mais, hoje possuímos afinadores elétricos.
- Melhor assim.
- Então lhe vejo novamente no Divâ do seu analista.
- Lá você desaparecerá! Afirmei com veemência.
- É o que veremos. Abriu a porta do quarto e saiu a passos largos e lentos. Mais que de pressa levantei-me e corri atrás, mas nada, já havia sumido. Restava apenas o cheiro e a fumaça do seu cigarro que vagarosamente se dissipava no ar.

Albert "Sunnyland Slim" Luandrew nasceu em uma fazenda nas proximidades da cidade de Vance, no Mississippi no dia 5 de setembro de 1905. Ele teve suas primeiras lições de música num velho órgão e depois de animar muitas festas no Delta,resolveu se mudar para Memphis, no Tennessee.Ele adotou o nome de Sunnyland Slim por conta do título de uma de suas músicas favoritas, "Sunnyland Train". A batida dessa música imortalizou a velocidade e a periculosidade do trem que ia de St. Louis a Memphis, e que matou várias pessoas que tentaram cruzar suas linhas no momento errado.Slim se mudou para Chicago em 1939, onde tocou por algum tempo com John Lee Hooker e "Sonny Boy" Williamson. Na época o blues elétrico começava seu crescimento, com Tampa Red, Jump Jackson, Little Walter e Muddy Waters. Se não fosse pela ajuda de Slim, Muddy Waters não teria assinado com a Chess Records, a maior gravadora da época.


Foi numa sessão de Slim para a Aristocrat Records, em 1947, que os irmãos Chess conheceram e assinaram com Waters.Em 1960 Sunnyland viajou para Englewood Cliffs, em New Jersey, onde gravou o disco "Slim's Shout", que contou com a participação do saxofonista King Curtis em algumas faixas. Esse álbum conta com algumas de suas melhores músicas, como The Devil Is a Busy Man," "Shake It," "Brownskin Woman," e "It's You Baby."Sunnyland excursionou pela Europa e antiga União Soviética e também por festivais em todo território dos EUA e Canadá.


A maioria de suas turnês foram feitas ao lado de Otis Rush e Howlin' Wolf. Ele continuou tocando em diversos concertos até a sua morte, aos 88 anos, em 1995.Sunnyland Slim pode ser considerado um dos pilares do blues de Chicago, não só pelo estilo de tocar piano, mas também por influenciar muitos dos maiores bluesmen da época, como Walter Horton, Muddy Waters e B.B. King. Ele também ajudou muitos jovens bluesmens em início de carreira. Em toda sua carreira gravou mais de 40 músicas.

Leslie Hill nasceu em Raines, no Tennesse, no dia 23 de setembro de 1921. Aos 14 anos de idade ele fugiu de casa, fato que acontecia com certa freqüencia naquela época . Nas suas coisas, apenas roupas e sua gaita.Ele rumou para Memphis onde conseguiu abrigo na casa de uma família local. Garoto espirituoso, ele ganhou o apelido de "Joe Louis" depois de vencer uma briga com outro garoto. Louis foi um dos maiores pugilistas de todos os tempos manteve o título dos pesos pesados durante doze anos, entre 1937 e1948. Tocando nas ruas ele aprendeu o ofício de banda de um homem só, tocando bateria, violão e gaita.

Ele então se batizou como "Joe Hill Louis The Be-Bop Boy And His One Man Band."Até o final dos anos de 1940 ele era atração popular no Handy Park e tinha um show de 15 minutos na rádio WDIA. Suas primeiras gravações foram para a Columbia, em 1949. Ele gravou vários outros discos por pequenas gravadoras independentes. Alguns sequer foram lançados.O Be-Bop Boy não tinha uma técnica aguçada em nenhum dos intrumentos que tocava. Mas tocava de maneira bruta e se saía muito bem na sincronização dos instrumentos. Se não fosse por sua morte prematura, ele com certeza faria mais sucesso. Joe morreu com apenas 35 anos de idade, depois de contrair tétano por conta de um corte profundo em seu polegar.

A Dor é um sentimento, não podemos ignorá-lo, você tem o direito de sentir sua própria dor e expressá-la da forma que mais lhe convêm. Seja em um poema, em um Romance, em um conto, em uma crônica, em uma música, em um BLUES. O Blues possibilita que os mais variados tipos de sentimentos, emoções, (não somente a dor) e experiências sejam exteriorizados. A combinação harmonia/Melodia do Blues nos remete a uma atmosfera misteriosa, nostálgica, mística, ao mesmo tempo em que conduz a alma para um estado de êxtase e euforia quando o ouvido capta, o cérebro reconhece e a alma sente os fluídos emanados pela a execução de um solo, seja ele de gaita ou guitarra. O Blues é sensual, visceral, vigoroso e traz consigo uma rica história sociocultural do sul dos Estados Unidos. A idéia de que o Blues é depressivo já foi há tempos descartada, melancolia não significa depressão, não é uma doença, é um estado de espírito às vezes temporário, às vezes permanente.


A dor nos faz crescer, na medida em que enfrentamos ela com a face erguida e sem medo. A dor vem do próprio desejo de não sentirmos dor, parece contraditório, mas é plenamente compreensível. A essência de todo o ser humano é composta por uma variedade de sentimentos contraditórios, são pólos negativos e positivos que interligados formam um todo harmonizado. O Blues é como um interruptor que ativa esses pólos, provocando sensações não somente exteriores, mas também e principalmente interiores. A audição é um sentido intermediário, com a função de captar, mas a alma é que decodifica os sons. O Blues tem a capacidade de despertar o sistema auditivo da alma e expandi-lo muito além de nós mesmos. Quando ouvimos um Blues, é como se conseguíssemos migrar de um estado melancólico para um estado de êxtase e euforia em questão de segundos, os solos de uma harmônica ou de uma guitarra podem nos conduzir ao abismo, e em questão de segundos transportar-nos até o paraíso.


A Beleza está na simplicidade, e é por isso que o Blues é mágico, encantador. Porque é simples, sem formalidades ou burocracias, porque não surgiu nos ambientes acadêmicos ou em conservatórios onde se formam burocratas da música. É mágico porque conseguiu captar a essência da vida na sonoridade dos campos, das ruas, dos bares, dos prostíbulos. E é nesses lugares onde existe vida, vida em movimento, fluindo como lavas de um vulcão em plena atividade. O êxtase e a euforia das grandes metrópoles, a paz e a melancolia do campo, o sofrimento causado pelos grilhões da escravidão, a marginalidade imposta pela maioria branca, tudo isso foi misturado a uma boa dose de uísque, fundiu-se e transformou-se em acordes e escalas, deu origem ao que chamamos de Blues.


O Blues conseguiu transformar a melancolia em um sentimento que preenche o vazio que reside na alma de todo o ser humano, colocou beleza na dor, despertou a libido, cantou a realidade do campo e dos guetos. O Blues materializou a alegria, a dor, a revolta transformando-as em algo tangível, nas cordas de uma guitarra, ou no sopro de uma gaita. O Blues é a casa do andarilho, o trabalho do vagabundo, o repouso da alma inquieta,o lamento dos bêbados e loucos, loucos pela vida, que ardem. São seis notas que revelam um universo de sentimentos. A música onde todos os demônios são exorcizados. No Blues se ama e se odeia, ou as duas coisas simultaneamente. Talvez seja por isso que se tornam teoricamente fáceis de tocar, mas difíceis de interpretar. Blues é euforia, alegria, dor e também MELANCOLIA.

O Rio Mississippi simboliza o Blues, foi onde tudo começou. O velho Mississipi serviu e serve até hoje como fonte de inspiração para vários bluesmans, hidratou a imaginação dos poetas desse gênero. São inúmeros os Blues que mencionam o velho rio. Os sentimentos fluem junto com suas águas, suas margens abrigam a criatividade e transbordam emoções!! Olhando o rio, o bluesman navega por águas calmas e profundas, mas que hospedam uma gama de sensações. O Rio Mississippi é o segundo maior rio dos Estados Unidos da América. A origem do nome Mississippi vem da palavra derivada da língua ojibwe misi-ziibi que significa 'grande rio'. O Rio tem a terceira maior bacia hidrográfica do mundo. Ela drena 41% dos 48 estados contíguos dos Estados Unidos. Sua bacia cobre mais de 3 225 000 km², incluído todos ou parte de 31 estados e duas províncias canadenses.
Ele corta, ou margeia, dez estados americanos; Minessota, Wisconsin, Iowa, IIllinóis, Missouri, Kentucki, Arkansas, Tennessee, Mississippi e Louisiania, antes de desaguar no Golfo do México, cerca de 160 quilômetros rio abaixo de New orleans. Medições do comprimento do Mississippi do Lago Itasca até o Golfo do México variam, mas o número do EPA é de 3 733 quilômetros. Uma gota de chuva caída no Lago Itasca pode chegar ao Golfo do México em cerca de 90 dias. O rio é dividido em alto Mississippi, da sua nascente sul até no Rio Ohio, e baixo Mississippi, do Ohio até, sua foz próximo a New Orleans. O alto Mississippi é alem disto dividido em três secções: a nascente, da fonte até a Quedas Saint Anthony; uma série de lagos artificiais entre Minneapolis e St. Louis; e o médio Mississippi, um rio de curso livre da confluência do Rio Missouri até St. Louis.


Uma série de 27 comportas e represas no alto Mississippi, a maioria das quais construídas em 1930, são projetadas para manter um canal de 2,7 metros para o tráfico de barcos comerciais. Os lagos formados são também usados para navegação de recreação e pesca. As represas tornam o rio mais profundo e largo, mas nenhum controle de fluxo é pretendido. Durante os períodos de alto fluxo, as comportas, algumas das quais ficam submersas, são completamente abertas e as represas simplesmente perdem sua função. Abaixo de St. Louis o Mississippi é relativamente livre para navegação, embora isto seja garantido por numerosas barragens e dirigidos por braços de represas. As maiores cidades ao longo do rio são: Minneapolis, St. Paul, Davenport, St. Louis, Memphis, Baton Rouge e New Orleans.


Foi na região do Delta do Mississippi que se estende de Memphis, Tennessee a norte, Vicksburg, Mississippi no sul, e do Rio Mississippi a oeste, Rio Yazzoo a leste que surgiu o estilo mais antigo do Blues, o Delta Blues. Essa área é famosa tanto pelos solos férteis como pela sua pobreza extrema. Guitarra e gaita são os instrumentos predominantes da região. Os estilos vocais vão dos mais introspectivos e calmos aos mais ferozes e entusiásticos. Os maiores Bluesmans, quase todos negros, surgiram dessa região, que é denominada romanticamente como “Lugar onde o Blues nasceu”, o Delta do Mississippi é o berço do Blues. O velho Mississippi é um dos mais importantes rios do mundo, não só pelas atividades de navegação, transporte, irrigação, abastecimento, mas por fazer parte da história do Blues. Enquanto existir o velho Mississippi o Blues jamais morrerá, pois ele nasceu, renasceu e permanecerá eterno nas águas lamacentas do velho rio, longa vida ao Mississippi, longa vida ao Blues.

Não sou músico profissional, apenas estudo nas horas vagas, mas de qualquer forma posso contribuir um pouco e tirar algumas dúvidas a respeito de como se toca Blues. Para os guitarristas que estão iniciando no Blues as dicas que mencionarei neste artigo serão de grande valia, creio eu. Abordarei de forma teórica as características e estruturas básicas do Blues. Serão dicas referentes ao compasso, harmonia e melodia. Para começar os estudos, é de suma importância o conhecimento e o domínio técnico de digitação das escalas Pentatônica e Penta-blues, procure ter em mãos o desenho ou tablatura dessas duas escalas, as quais são muito utilizadas no Blues. Ambas fazem parte do modo menor de escalas, e recebem este nome por possuírem em sua formação a terça menor, são escalas com sonoridades melódicas tristes, em alguns casos soam melancólicas como a de Blues (penta- blues) e as vezes efusivas quando são Pentatônicas menores, sendo que a diferença de uma para outra é apenas a inclusão da chamada Blue- Not ( nota de blues, ou quinta diminuta), na escala Petatônica que irá transforma-la na penta-Blues. É importante memorizar as fórmulas das duas escalas e compreender a sonoridade ímpar de cada uma, como também pratica-las em todos os tons possíveis.

Escala Pentatônica: A escala pentatônica é de origem duvidosa, a princípio diz-se que teve origem no oriente e é formada pelas seguintes notas: Tônica, terça menor, quarta, quinta e sétima ( T 3- 4 5 7). Ela soa efusiva.

Escala de Blues (penta-blues): Essa é a que mais nos interessa. Comparando a sua fórmula com a da pentatônica, podemos notar a inclusão da quinta diminuta e uma “linguagem” sonora ainda mais agradável. A escala de Blues é de ampla aplicação podendo ser utilizada em diversos estilos musicais, mas sua verdadeira identidade está no Blues e como não poderia deixar de ser, também no Rock. A escala de Blues, ou Penta-blues é formada pelas seguintes notas: tônica, terça menor, quarta, quinta diminuta, quinta e sétima, a fómula é a seguinte: ( T 3- 4 5º 5 7 ), a quinta diminuta (5º) é a chamada Blue-Not que dá a sonoridade melancólica característica do Blues. Procure a tablatura dessas escalas e pratique-as nos cinco modos em todos os tons. A célula rítmica que rege o Blues é o fenômeno chamado tercina, que nada mais é que o tempo dividido em três partes.

Tons mais utilizados: Os tons mais utilizados para se tocar Blues, são o de Mi maior (E maior) e o de Lá maior (A maior). Mas é normal algumas canções serem compostas nos tons de Sol maior (G maior) Ré maior (D maior) e Si maior ( B maior). Existem casos em que são utilizados tons enarmônicos, ou seja, em bemol (b) ou em sustenido ( #).
Compasso: Quanto ao compasso, existem diversos, dependendo do estilo de Blues a ser executado, porém o mais tradicional é o de 12 compassos. É fundamental ter o domínio desse compasso, existem várias revistas ou sites na internet que ensinam como executa-lo, assim como sites e Blogs que dispõem de tablaturas da escala de blues nos principais tons e modos. Outra dica importante é saber como executar os intervalos de 5 diminuta no instrumento (guitarra ou violão), essa é outra característica importante do Blues tradicional. Agora para começar basta adquirir a tablatura ou o formato cromático (desenho da escala no instrumento), a estrutura do compasso e realizar exercícios de improviso. Quem sabe você poderá se tornar um gênio do Blues como B.B King por exemplo, não custa tentar.

Diversos instrumentos são utilizados no Blues nos dias atuais. Para cada estilo de blues são aplicados determinados instrumentos. Podemos afirmar que os mais populares, os quais passaram a caracterizar o Blues nos seus mais variados estilos são: a harmônica (gaita de boca) e a guitarra acústica ou elétrica. Esses são considerados instrumentos essências para que o compasso, a harmonia e a melodia possam ser executados. No hall de instrumentos que compõem a orquestra, ou uma banda de Blues estão os seguintes instrumentos: de sopro (trompete, trombone, harmônica, saxofone), de cordas ( baixo, guitarra acústica ou elétrica de 6 ou 12 cordas, banjo, violão, violoncelo), de teclas ( piano e teclado), percussão ( bateria entre outros).



Faz-se pertinente salientarmos que nos primórdios, a instrumentalização das work-songs e dos spirituals eram feitas apenas com banjo, harmônica e um instrumento de percussão de origem africana denominado djambé. Só mais tarde, e por influência espanhola trazida do México é que foi incorporado o violão ou guitarra acústica no Blues. Após a inclusão da guitarra acústica, surgiu o estilo mais antigo de Blues, o chamado Folk Blues, onde o Bluesman fazia base na guitarra acústica e arranjos de harmônica.


Muitas vezes a base e o solo eram feitos somente com a guitarra acústica aplicando uma técnica revolucionária chamada slide, até hoje muito utilizada, que consiste em deslizar sobre as cordas do violão ou da guitarra um tubo de metal produzindo um som exótico, mas muito agradável. Essa técnica tornou-se tradicional e característica do Blues. Após a criação do chamado Chicago Blues ou Blues Urbano, os bluesmans e as bandas de Blues passaram a utilizar a guitarra elétrica juntamente com o piano, saxofone, trompete, trombone, harmônica, baixo e bateria na instrumentalização das canções. Geralmente no Blues, se dá maior ênfase a harmônica e a guitarra, principalmente nos solos e arranjos. Mas nem todos os estilos seguem esse princípio, como é o caso do Jump Blues onde os solos são feitos com saxofone.


Huddie William Ledbetter nasceu no dia 23 de janeiro de 1888, na cidade de Mooringsport, Louisiana e foi um dos mais influentes e encrenqueiros bluesmen que já surgiram.Logo na infância ele tomou contato com a música, ouvindo folk, blues e músicas religiosas. Seu primeiro instrumento musical foi um acordeon que ele ganhou de seu tio Terrel. Mais tarde, aos 21 anos, ele teve contato com o violão e decidiu se mudar para tentar a vida como músico.Começou a tocar nas proximidades da cidade de Shreveport, em Louisiana e foi desenvolvendo seu próprio estilo ao ficar exposto à variedade musical existente na Fannin Street, um reduto de boates, bordéis e salões de dança.


Lead Belly era o maior colhedor de algodão, o melhor amante, assim como maior tocador de violão do mundo. Quem afirmava isso era ele próprio. E como freqüentemente alguém discordava disso tudo, ele era obrigado a convencê-los. E terminava na cadeia na maioria das vezes que fazia isso.Em 1916 ele estava preso por roubo de carga, quando conseguiu escapar. Durante dois anos usou o nome de Walter Boyd. Mas foi preso novamente pouco tempo depois por matar um homem numa briga e foi condenado a 30 anos de trabalhos forçados em Huntsville, na Texas' Shaw State Prison Farm. Depois de sete anos ele foi solto pelo governador Pat Neff, quando este escutou uma canção que Lead Belly havia escrito que dizia os seguintes versos: " If I had you, Governor Neff, like you got me / I'd wake up in the mornin' and I'd set you free."Novamente na estrada, não demorou muito para Lead Belly voltar para a prisão. Em 1930 ele se envolveu em outra briga e novamente foi condenado a 30 anos, por tentativa de homicídio.


Nessa passagem pela cadeia, um detento tentou cortar sua garganta com uma faca, mas ele conseguiu escapar. Mesmo assim ainda ficou com uma enorme cicatriz no pescoço.Em julho de 1933, Lead Belly estava preso na Louisiana State Penitentiary quando conheceu o historiador John Lomax e seu filho Alan, que estavam excursionando pelo sul para a Library of Congress, coletando informações e gravando canções de cantores de blues e folk. Os Lomax descobriram que as prisões do sul eram um ótimo local para se encontrar cantores de work songs e spirituals, e viram em Lead Belly seu principal achado.Lomax então ajudou Lead Belly a sair da cadeia e passaram a gravar inúmeras músicas. Logo se mudaram para o norte, onde Lead Belly se tornou uma sensação.Lomax, agora empresário, aproveita o fato de Lead Belly ser um ex-presidiário e passa a vesti-lo com roupas listradas nas apresentações e nas sessões de foto. Nessa época ele gravou alguns de seus maiores sucessos, como 'The Rock Island Line,' 'The Midnight Special,' e 'Goodnight Irene'.Durante a década de 40, a casa de Lead Belly, em Nova Iorque, foi como um centro de folk e blues da cidade. Entre seus amigos estavam Sonny Terry e Brownie McGhee.


No ano de 1949 ele fez uma turnê pela Europa, tocando em diversos festivais de jazz. Porém, durante essa turnê ele sentiu sua mão direita ficar paralisada. Exames revelaram que ele sofria de esclerose lateral. Ele morreu no dia 6 de dezembro de 1949 em Nova Iorque.Lead Belly deixou um enorme legado musical. Dezenas de artistas regravaram suas canções. Entre os mais famosos estão Abba, Rod Stewart, The Animals, Roling Stones, White Stripes, The Beach Boys, Rory Gallagher, The Doors, Led Zeppelin e Nirvana (a famosa "Where Did You Sleep Last Night", do disco MTV Unplugged).

James "Jimmy" Cotton nasceu dia 1 de julho de 1935 em Tunica, no Mississippi e é o filho mais novo de uma família de oito irmãos. Seu apelido é Superharp.Uma das lembranças mais antigas de Cotton é de sua mãe Hattie brincando com uma harmônica, fazendo sons de trens e imitando galinhas. Ele ganhou uma harmônica como presente de Natal e logo aprendeu a imitar o trem e as galinhas. Nessa época ele acreditava ser os únicos sons que poderia tirar com a harmônica. As coisas começaram a mudar quando ele ouviu o programa de rádio King Biscuit Time, que tinha Sonny Boy Williamson (Rice Miller) como estrela. Ele então colou seu ouvido no auto-falante do velho rádio e descobriu que sua harmônica podia muito mais. Depois desse dia Cotton e sua gaita se tornaram inseparáveis.


Pouco tempo depois Cotton já estava ao lado de Sonny Boy, que além de seu tutor na gaita, foi como um pai para ele. Eles passaram a viajar juntos pelas cidades onde Sonny Boy tocava. Até que um dia Sonny Boy simplesmente abandonou a banda e a deixou nas mãos de Cotton, dizendo que iria se mudar para Milwaukee com sua esposa.James Cotton começou então a ganhar destaque no cenário do blues e em 1955 ele entrou para a banda de Muddy Waters. Ele tocou ao lado de Waters músicas como "Got My Mojo Working" e "She's Nineteen Years Old". Waters comparava o jovem Cotton ao grande gaitista Little Walter.Em 1966 James Cotton deixou a banda de Muddy Waters e saiu em turnê ao lado de Janis Joplin, já pensando em liderar sua própria banda. Esse desejo se concretizou um ano depois, em 1967, quando finalmente ele conseguiu montar a James Cotton Blues Band e passou a tocar todos os clássicos escritos por ele, como "Cotton Crop Blues", "Rocket 88" e "Hold Me In Your Arms". Nesse mesmo ano ele gravou dois álbuns ao vivo em Montreal e começou a trilhar seu caminho para se tornar uma lenda do blues.


Em 1970 ele gravou diversos álbuns para a Buddah Records e tocou no disco de Muddy Waters ganhador do Grammy de 1977, "Hard Again".Em 1990 ele participou do disco "Harp Attack", ao lado dos maiores gaitista da época: Junior Wells, Carey Bell e Billy Branch.Em 1994 ele fez uma cirurgia na garganta, o que não foi suficiente para afastá-lo dos palcos, pois pouco tempo depois ele estava novamente tocando com sua banda. Nesse mesmo ano ele se mudou para Memphis.Já em 1996 ele ganhou o Grammy de melhor álbum de blues tradicional com o disco "Deep In The Blues". Seu último disco, lançado em 2004 se chama "Baby, Don't You Tear My Clothes" e surpreendeu a todos os seus fãs, pois além do blues tradicional o disco contém faixas de country e bluegrass.Atualmente ele continua fazendo shows .

James Henry ou "Jimmy" Dawkins nasceu no dia 24 de outubro de 1936 em Tchula, no Mississippi. Quando ainda era garoto sua família se mudou para Pascagoula, onde seu pai trabalhava em navios de guerra. Sua mãe deu a ele o primeiro violão em 1952. Na época ele já ouvia Guitar Slim e Earl King.Em julho de 1955 se mudou para Chicago, onde arranjou emprego numa fábrica de caixas. Dois anos depois de se mudar, Jimmy comprou sua primeira guitarra e um amplificador. Começou então tocando numa esquina, acompanhado do gaitista Lester Hinton.Jimmy conheceu Willie Dixon em 1957, que o chamou para várias sessões de gravação com Walter Horton, Johnny Young e Wild Child Butler. Nessa época ele abandonou o trabalho na fábrica.
Ele tocou em discos de vários artistas como: Koko Taylor, Eddie King, Jimmy Rogers, entre outros. Mas só em 1969 conseguiu lançar seu primeiro álbum "Fast Fingers", considerado um dos seus melhores trabalhos e que lhe rendeu o apelido. Disse Dawkins: "Eu estava com dificuldades para aprender a música 'Funky Broadway', e pedi pro Magic Sam me ajudar. Ele disse para eu levar umas latinhas de cerveja que me ajudaria. Quando cheguei na casa dele com as cervejas, o Sam se lembrou que o Bob Koester (da gravadora Delmark) estava me procurando, então entramos no carro e fomos até lá. E foi assim que assinei o contrato do meu primeiro disco - porque não conseguia aprender uma música."Em 1971 a Delmark lançou seu segundo disco, "All For Business", que contava com o vocalista Andrew "Big Voice" Odom e o guitarrista Otis Rush.
Jimmy saiu então em turnê pela Europa ao lado de Gatemouth Brown, Otis Rush e Sunniland Slim, freqüentemente gravando novos álbuns.Em 1995 ele recebeu três nomeações ao Prêmio W.C. Handy, nas categorias de Melhor Instrumentista de Blues - Guitarra, Álbum de Blues Comtemporâneo do Ano (Blues And Pain de 1994), e Música de Blues do Ano ("Fool in Heah").Ele lançou ao todo 19 álbuns, sendo o último deles "Tell Me Baby", de 2004.



Mathis James Reed nasceu em 6 de setembro de 1925, em Dunleith, Mississippi. Logo cedo aprendeu a tocar gaita e violão com Eddie Taylor, seu amigo mais próximo. Foi um dos primeiros a tocar gaita e violão, simultaneamente.Em 1943 ele se mudou para Chicago e pouco depois serviu na Marinha Americana, na Segunda Guerra. Em 1945 foi dispensado e retornou ao Mississippi, onde se reencontrou e se casou com sua namorada Mary "Mama" Reed. Logo depois, se mudaram para Gary, Indiana, onde ele arranjou emprego na Armour & Co., uma fábrica de embalagens de carne.
Na década de 1950, Reed tinha se estabelecido como um popular músico local e freqüentemente tocava na banda de John Brim, "The Gary Kings" e nas ruas, ao lado de Willie Joe Duncan. Ele tentou, mas não conseguiu um contrato com a Chess Records, assinando em seguida com a Vee-Jay Records. Obteve ajuda do então baterista Albert King para conseguir o contrato e começar a gravar. Nessa época encontrou-se novamente com Eddie Taylor, que passou a tocar com Reed até a sua morte.
O sucesso demorou a chegar, mas quando lançou "You Don't Have to Go", Reed alcançou o quinto lugar na lista da Billboard, e passou toda década seguinte emplacando hits. Em certa época, ele vendeu mais discos que Muddy Waters, Howlin' Wolf, Elmore James ou Little Walter. Mas entre todos esses, ele foi o que menos soube lidar com a fama.
Seus problemas com alcoolismo fizeram com que fosse perdendo cada vez mais seu público. Em certas apresentações, sua esposa o ajudava a lembrar as letras das músicas, que ele esquecia. Tudo piorou em 1957 quando ele desenvolveu epilepsia, que seus médicos erroneamente diagnosticaram como sendo delirium tremens.O começo do seu fim se deu quando a Vee-Jay fechou as portas. Seu empresário conseguiu assinar com o recém-criado selo ABC-Bluesway e vários álbuns foram lançados durante a década de 1970, mas nenhum deles emplacou. Seu último álbum foi uma frustrada tentativa de atualizar seu som com batidas funk e pedais de wah-wah.Jimmy Reed morreu em Oakland, Califórnia, em 1976, alguns dias antes do seu 51º aniversário. Ele está enterrado no Cemitério Lincoln, em Worth, Illinois.

Theodore Roosevelt ("Hound Dog" Taylor) nasceu em Natchez, Mississippi no dia 12 de abril de 1915. Ele iniciou seu interesse pela música tocando inicialmente piano. Conheceu a guitarra na adolescência, mas só foi tocar seriamente o instrumento por volta dos 21 anos. Nessa época ele começou a tocar por todo Delta, não só guitarra mas também piano e chegou a tocar no King Biscuit Flour, show de rádio da KFFA, que tinha Sonny Boy Williamson no comando.

A sua fama de mulherengo lhe colocou em apuros nessa época. Ele foi perseguido pela Ku Klux Klan por ter cantado uma mulher branca e passou um dia inteiro escondido em uma vala de drenagem. No dia seguinte pegou suas coisas e se mudou para Chicago. Lá ele trabalhou durante 15 anos com empregos normais, não relacionados a música, apesar de continuar tocando não-profissionalmente. Até que em 1957 ele decidiu se tornar músico, em tempo integral.

Taylor então montou uma banda, The House Rockers, com Brewer Phillips na segunda guitarra e Ted Harvey na bateria. Estranho? Eles não tinham baixista mesmo. Brewer fazia os acordes mais graves e resolvia o problema. Em 1961 Freddie King ficou famoso com sua canção "Hideaway", que, segundo ele próprio, foi inspirada em uma canção intrumental que ele viu Taylor tocar em um show. Foi nessa época que ele ganhou seu apelido "Hound Dog". Certa vez em um bar, ele estava perseguindo duas mulheres e um amigo o batizou assim. "Hound Dog" que significa "cão de caça". Ele tinha um pequeno sexto dedo em cada mão (polidactilia) e certa vez, bêbado, amputou o dedo sobressalente da mão direita com uma navalha.

Os House Rockers nunca ensaiavam antes dos show. Mas bebiam bastante. Hound Dog tomava um copo de whisky, seguido de uma bebida misturada e logo após um copo de cerveja. Um atrás do outro. Depois dizia algo como: "Hey, let's have some fun!" e tocavam durante a noite toda. O show normalmente durava entre seis e sete horas, se o dono da casa mantivesse as portas abertas. Nos anos 60 eles faziam shows regularmente no Florence's Lounge, no lado sul de Chicago.
Na primavera de 1971, em apenas duas noite, Hound Dog gravou seu primeiro disco: Hound Dog Taylor and he House Rockers. Para as gravações ele usou sua guitarra japonesa de $50,00 e seu amplificador Sears Roebuck, com os falantes rachados, dando a impressão que ele usava uma distorção. O album seguinte veio em 1973 e se chamava Natural Boogie. Todas as músicas desse álbum foram gravadas e mixadas durante a primeira sessão, em 1971. Um terceiro álbum ao vivo foi lançado em 1976, após sua morte, e foi considerado o melhor álbum de sua carreira. Ele se chama Beware Of The Dog.

Em maio de 1975, Philips, o guitarrista de Houng Dog, o visitou em sua casa e os dois tiveram uma briga, bêbados. Philips então teria insultado Fredda, a esposa de Dog. Ele então deixou a casa, retornou, com uma espingarda calibre 22 e disparou dois tiros em Philips, um no antebraço e um na perna. Philips denunciou Dog por tentatia de homicídio, mas sua saúde estava debilitada por conta de um câncer no pulmão. Então ao invés de ir pra cadeia, ele foi para o hospital. Em seu leito de morte, seu último pedido foi concedido: Philips o visitou e o perdoou pelos tiros. Hound Dog morreu no dia seguinte, 17 de dezembro de 1975.

Keb' Mo' nasceu com o nome de Kevin Moore, em South Los Angeles, na Califórnia no dia 3 de outubro de 1951. Seu interesse pela música começou quando ainda era jovem, ouvindo blues nas rádios locais e música gospel nos cultos da igreja, aos domingos. Com 10 anos ele entrou para a banda da escola, onde começou a tocar trompete. A partir daí ele passou a experimentar outros instrumentos de percussão e chegou até a tocar steel drums numa banda de calipso.Certa vez, um tio de Keb' o convidou para experimentar um violão e depois de colocar as mãos sobre o instrumento pela primeira vez, ele nunca mais o largou. Duas semanas mais tarde, já conhecia cerca de cinco acordes. O suficiente para empolgá-lo.Apesar da herança do blues, seu maior sonho era se tornar uma estrela pop. Isso fez com que Keb' tocasse em várias bandas covers depois do colegial. No início dos anos 1970, ele entrou para a banda de blues-rock Papa John Creach, onde permaneceu por três anos, tocando e excursionando. Nesse período ele participou da gravação de três discos. Em seguida passou a trabalhar como músico em um estúdio de Los Angeles, que o ajudou a lançar seu primeiro disco, Rainmaker, ainda com seu nome, Kevin Moore. Era um disco de R&B que fez muito pouco sucesso.

Durante o começo dos anos de 1980 Keb' Mo' continuou sua busca pelo estrelato, e em 1983 ele entrou como guitarrista na banda do saxofonista de blues Monk Higgins. A partir daí passou a conhecer vários outros músicos de blues. Sobre Higgins, ele disse certa vez: "Ele provavelmente é o elemento mais importante no desenvolvimento do meu entendimento sobre blues."A reviravolta em sua carreira aconteceu em 1990, quando o produtor de elenco do teatro Rabbit Foot procurava um ator que pudesse tocar Delta blues. Keb' então aceitou tocar, mesmo não se sentindo muito seguro com o papel. Mas o sucesso foi tanto que logo ele foi chamado para atuar novamente , dessa vez interpretando Robert Johnson, no excelente documentário chamado "Can't You Hear the Wind Howl?".Em 1994 ele lançou seu disco de estréia no blues, pela OKeh Records, intitulado Keb' Mo', que tinha duas canções de Robert Johnson e outras onze escritas por ele. Foi justamente com o lançamento dessa álbum que ele começou a usar o nome Keb' Mo', uma versão afro-americana de seu nome que, segundo ele próprio, refletia melhor suas origens do blues.
O disco ganhou matérias de destaque em importantes publicações, como The New York Times, People e Houston Chronicle. Os críticos o classificavam como uma nova voz que toca simultaneamente o autêntico blues e a música contemporânea. O sucesso desse disco fez com que Keb' passasse a tocar freqüentemente em bares, clubes e festivais. Além disso ele começou a abrir shows de grandes nomes da música como Jeff Beck, Carlos Santana, Buddy Guy, Joe Cocker e George Clinton. Em 1996 lançou seu segundo álbum, Just Like You que, de imediato, ganhou o Grammy de melhor álbum de blues contemporâneo. Ele também repetiria a dose dois anos mais tarde com o terceiro álbum Slow Down, que também levou o mesmo prêmio.A partir daí a música de Keb' Mo' podia ser ouvida em várias rádio, em filmes e séries de televisão. Ele passou a dividir o palco e o faturamento dos shows com nomes de peso da música como Bonnie Raitt e Celine Dion.
Grandes artistas passaram a gravar músicas suas, como Joe Cocker e B. B. King. Não demorou muito e ele lançou mais um álbum, chamado The Door, que mostra sua satisfação com a mistura do blues clássico com seu estilo, mais atual. Um exemplo disso é sua versão para a música de Elmore James "It Hurts Me Too Much" que ganhou uma roupagem totalmente diferente, mas ainda assim com guitarra slide, como na original.Em 2004, mais dois álbuns foram lançados: Keep It Simple, em que algumas faixas foram gravadas com o clássico violão National Steel e Peace... Back by Popular Demand, um disco com covers de canções de protesto dos anos 1960, incluindo "Imagine", de John Lennon. Através desse disco, Keb' passou a excursionar com a turnê Vote for Change a fim de angariar dinheiro para derrotar George W. Bush na eleição daquele ano.
Em 2006 ele lançou o álbum Suitcase, inteiramente de canções próprias. Nesse disco a temática das músicas gira em torno das idas e vindas dos relacionamentos amorosos.Keb' Mo' é uma das mais bonitas e afinadas vozes que o blues já conheceu. Uma voz que consegue ser potente e suave ao mesmo tempo. Vale muito a pena conhecer, principalmente os primeiros álbuns.

Robert Pete Williams nasceu em Zachary, Louisiana, filho de trabalhadores rurais. Durante a infância ele trabalhou com os pais nas plantações, sem nunca ter ido à escola. Ele nunca tinha tocado blues até a sua adolescência, foi quando fez seu próprio violão usando uma caixa de charutos. E foi com esse violão que ele aprendeu a tocar e começou a animar as juke joints durante a noite, enquanto trabalhava de dia.Depois de casado, mesmo trabalhando duro nas plantações, Williams nunca conseguia dinheiro suficiente para sustentar sua família. Esse fato acarretava constantes desentendimentos com sua mulher (nada muito diferente dos dias atuais). Dizem que em um ataque de fúria durante uma dessas brigas, ele teria colocado fogo no seu violão de caixa de charutos.

Apesar das desavenças domésticas, ele continuava a tocar em festas em toda área da cidade de Baton Rouge. Em uma dessas festas, em 1956, ele atirou em um homem durante uma briga e o matou. Wiliiams alegou auto-defesa, mas acabou condenado por homicídio. Ele foi enviado para a penitenciária de Angola, a mesma prisão onde Lead belly cumpriu parte da sua sentença.

Depois de dois anos trabalhando na prisão, ele foi descoberto pelos etnomusicologistas (que palavrão!) Dr Harry Oster e Richard Allen. Eles fizeram algumas gravações das músicas de Williams, a maioria sobre a vida na prisão, e se impressionaram com seu talento no violão. Allen Oster pediu que sua pena fosse perdoada e conseguiu, em 1959, que ele fosse solto, depois de cumprir três anos e meio. Porém, durante cinco anos ele não poderia sair de Louisiana, o que não impediu que suas gravações chegasse a outros estados e fossem recebidas positivamente.

Somente em 1964 Robert Pete Williams tocou em um festival fora de Louisiana. Foi no lendário Newport Folk Festival. Sua apresentação foi recebida com entusiasmo por parte do público. Pouco tempo depois ele saiu em turnê pelos EUA, juntamente com Mississippi Fred McDowell, e chegou até a escursionar pela Europa.No restante dos anos de 1960 e a maior parte da década de 1970 ele continuou excursionando e tocando. Durante esse período gravou alguns discos por selos independentes, como Fontana e Storyville. No fim dos anos de 1970 ele diminuiu consideravelmente a quantidade de shows, por causa da idade e da saúde, que já começava a definhar. Ele faleceu em 31 de dezembro de 1980, aos 66 anos de idade, em Rosedale, Louisiana.

Jonny Lang nasceu em 29 de janeiro de 1981, em Minneapolis, e é considerado por muitos o garoto prodígio do blues de sua geração. Sua maneira de cantar e tocar lhe garantiu muitos elogios. Começou tocando saxofone com os colegas de ginásio, enquanto tomava aulas de guitarra. Aos 12 anos de idade, passou a tocar com a “The Bad Medicine Blues Band”. Alguns meses mais tarde, com a ascensão de Lang, a banda passou a se chamar “Kid Jonny Lang & The Big Bang”. A banda então se mudou da pacata cidade de Fargo para Minneapolis, onde gravou o álbum de estréia, “Smokin’”, em 1995, cujo destaque era uma cover de Robert Johnson, “Malted Milk”.O álbum vendeu muito bem e logo se tornou um hit regional. Essa vendagem e a grande aceitação do público pela “Kid Jonny Lang & The Big Bang” acabou culminando com a contratação de Jonny Lang pela A&M Records.Jonny Lang teve estréia “solo” no ano de 1997 com o álbum “Lie To Me”, que rapidamente se destacou como um dos álbuns mais vendidos da safra de novos artistas.
Os críticos se deleitaram com “Lie To Me” e também com a maturidade em cantar e tocar de Jonny Lang, neste período com apenas 16 anos de idade.Com o lançamento de “Lie To Me” e sua completa aceitação pelo público, Lang caiu na estrada acompanhando nomes como Aerosmith, The Rolling Stones, B.B. King e Blues Traveler.O segundo álbum oficial de Lang não demorou a sair, e foi intitulado de “Wander This World”. Esse álbum é uma fusão de blues, r&b, rock e baladas. Segundo o próprio Lang: “O blues teve um bebê, e nós o chamamos de rock’n’roll”. Destaque para suas aparições no filme “Blues Brothers 2.000” e no “Free Jazz Festival” de 1999, em São Paulo/SP, onde deixou boquiabertos os presentes com sua presença de palco, voz e guitarra. Suas principais influências são Stevie Ray Vaughan, Eric Clapton, Luther Allison e Albert Collins.


Janis Joplin nasceu numa sólida família de classe média, em 19 de janeiro de 1943. Ela sempre foi uma jovem muito solitária, que logo tomou gosto pelo blues e o folk music, retratando isso em pinturas e poesias. Aos 17 anos, ela saiu de casa e começou a cantar em bares de Houston e Austin, no Texas, para juntar dinheiro e ir para a Califórnia.

Em 1965, ela já estava cantando blues e folk em bares de San Francisco e Venice, na Califórnia, nesse período, ela tinha perdido seus colegas e estava desempregada. Janis voltou para Austin em 1966, para cantar numa banda Country, mas, em poucos meses um amigo dela, o empresário da Chet Helms, apresentou-a a uma outra banda de San Francisco, a Big Brother, que estava precisando de uma cantora. Então, ela voltou à Califórnia e juntou-se à essa nova banda. Janis Joplin e Big Brother deram um show em 1967, no Monterey Pop Festival; então Albert Grossman se propôs a empresariá-los. Janis Joplin começou a tornar-se uma superstar.

Após um grande sucesso do primeiro LP com os Big Brothers, a gravadora Columbia Records assinou um contrato, e, o álbum Cheap Thrills, com o single "Pice of My Heart" (#12, 1968), conquistou o disco de ouro. Passado um ano, Joplin começou a se ofuscar na banda, então ela resolveu deixar os Big Brother (mesmo tendo participado de algumas faixas do álbum Be a Brother, de 1971), para seguir sua carreira com o guitarrista Sam Andrew, formando a banda Kozmic Blues. Joplin viajava constantemente e sempre participava de programas de televisão como convidada de apresentadores, como Dick Cavett, Tom Jones e Ed Sullivan.
Finalmente, o LP Kosmic Blues foi lançado, com várias faixas de blues-rock, assim como "Try (Just a Little Bit Harder)". Durante este período, Joplin começou a se envolver demais com álcool e drogas, tornando-se uma viciada em heroína. Sua vida parecia estar seguindo o rumo certo, com a gravação de Pearl. Ela resolveu se casar e estava entusiasmada com a banda Full Tilt Boogie, que ela tinha formado para produzir o álbum Pearl (Pearl era o apelido de Joplin). Em 4 de outubro de 1970, o corpo de Janis Joplin foi encontrado num quarto do Hotel Landmark, em Hollywood, com picadas de agulha recentes, no braço. A causa de sua morte foi dada como overdose acidental de heroína. O LP póstumo Pearl (#1,1971) homenageou-a com a canção "Me and Bobby McGee" de seu amado Kris Kristofferson, e foi lançado com a faixa "Buried Alive in the Blues" sem o vocal de Joplin, que morreu antes de fazê-lo. Várias coletâneas póstumas foram lançadas, assim como o documentário Janis, de 1974.


Gertrude “Ma” Rainey, “A mãe do blues” já vinha cantando blues duas décadas antes de que a Paramount editasse, em 1923, suas canções mais influentes. Inclusive reivindicou o nome de “blues” para o estilo depois de ouvir cantar a uma menina no Missouri em 1902, onde Rainey atuava em uma feira.Nascida dia 26 de abril de 1886 como Gertrude Pridgett, Rainey começaria ainda em idade escolar a atuar em sua Columbus natal, Georgia, antes de juntar-se a vários espetáculos itinerantes de variedades, trabalhando para os teatros sulistas em carnavais e festas populares. Se casou com William “Pa” Rainey em 1904 e se apresentaram como “Rainey and Rainey, Assassinators of the Blues”. Quando a Paramount a contratou, Rainey já era conhecida por suas espetaculares apresentações, sua devoção por jóias e por seu estilo de vida estravagante, além de já ser uma das cantoras mais famosas do sul.Rainey ajudou a marcar o caráter e o estilo do blues nos seus primórdios, e seu papel e relevância no gênero foram crescendo durante sua curta e prolífica carreira (1923-1928).
Seus discos não só são relevantes pela grandiosidade de sua portentosa voz, mas também pelos incríveis acompanhamentos de aclamados músicos de jazz, blues e jug bands. Ma Rainey tinha um estilo muito mais espontâneo e um ar mais sulista que a maioria das primeiras rainhas do blues, aliados a uma efetividade que lhe permitiu trabalhar com figuras como Tampa Red, Georgia Tom Dorsey e Blind Blake, ou com músicos de jazz. Aposentou-se em 1935 e morreu quatro anos depois, mas sua influencia é evidente na obra de sua discípula Bessie Smith e de muitos outros. Entre os clássicos de Rainey encontramos a versão original de “See See Rider”, “Bo-Weavil Blues”, “Moonshine Blues” e “Ma Rainey’s Black Bottom”.